terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Corte de D. João VI no Brasil

Com a chegada de D. João VI, que havia fugido da invasão napoleônica na Península Ibérica (1807), o Rio de Janeiro entrou em ebulição. Várias transformações marcaram o cenário político-social da cidade: o Decreto da Abertura dos Portos às Nações Amigas transformou o porto do Rio num importante centro financeiro-comercial; o crescimento populacional foi outro fator marcante, devido ao grande número de nobres e funcionários da corte portuguesa que formavam a comitiva do rei; a criação do Banco do Brasil e de novas instituições administrativas, trazendo para o Rio de Janeiro os ares da metrópole. Os hábitos culturais se modificaram, pois se fazia necessário satisfazer a demanda de uma aristocracia que valorizava a cultura européia.
D. João VI encontrou uma cidade pobre, sem planejamento urbano e saneamento básico, com ruas estreitas, sujas e apinhadas de escravos, ambulantes e "bugres", escravos responsáveis pelo despejo de dejetos na baía. O Paço Imperial, residência oficial do Vice-Rei, possuía uma arquitetura pobre, sem adornos, ainda no estilo colonial "porta e janela", sem mobiliário adequado para receber um monarca e, sobretudo, muito pequeno para abrigar a comitiva real. Outras residências serviram de abrigo para a corte: o Convento das Carmelitas, onde ficou D. Maria I; a Casa do Trem (atual Museu Histórico Nacional); o prédio da Cadeia, vizinho do Paço, que virou residência de aristocratas. Não satisfeito, D. João decretou que as melhores casas da cidade fossem cedidas para os nobres que ainda não tinham moradia. Cada casa escolhida pelos oficiais do rei deveria ser desocupada imediatamente, sendo a porta carimbada com as iniciais P.R. (Príncipe Regente), que, no humor nativo, logo se transformou em "Ponha-se na rua".
Durante os treze anos de sua estadia no Brasil o regente português criou várias instituições culturais, como a Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico, o Real Gabinete Português de Leitura, o Teatro São João (atual Teatro João Caetano), a Gazeta do Rio de Janeiro (sob censura régia), a Imprensa Nacional, o Museu Nacional, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios. Outras medidas que deram grande impulso à cultura foram a reorganização da Capela Real e a vinda da Missão Artística Francesa (1816), que trouxe ao Brasil nomes como Joachim Lebreton (pintor), Nicolay Antoine Taunay (pintor), Auguste Marie Taunay (escultor), Jean-Baptiste Debret (pintor), Augusto Henrique Vitorio Grandjean de Montigny (arquiteto), Sigismund Neukomm (compositor, organista e mestre-de-capela).

Postado por: Leo.

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